Precisamos falar sobre envelhecimento

Muito tem sido falado sobre envelhecimento populacional. O mundo está envelhecendo! O número de idosos está aumentando! Programas de TV exploram esse tema mais e mais a cada dia…

Mas o que de fato isso significa? Por que você deve se preocupar com isso?  Qual a importância e o impacto do envelhecimento populacional em nossas vidas?

Primeiramente, vamos contextualizar: Quem é considerado idoso no Brasil?

Segundo o Estatuto do Idoso (Art. 1o) são considerados idosos as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

Porém, alguns pontos da Constituição Federal menciona a idade de 65 anos para idosos:

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

Mas, via de regra, predomina o número previsto no Estatuto do Idoso, por ser um documento mais específico.

De qualquer forma, trata-se de um marco cronológico puramente conceitual, que pode mudar ao longo do tempo, como observado recentemente na Itália, que mudou de 65 para 75 a idade mínima para se considerar um idoso.

“Uma pessoa de 65 anos hoje tem a forma física e cognitiva de uma pessoa de 45 há trinta anos. Os que têm 75, têm as mesmas condições de quem tinha 55 nos anos 1980. Os dados demográficos mostram que a expectativa de vida aumentou 20 anos desde 1900 na Itália. Uma grande parte da população entre 60 e 75 anos está em ótima forma e livre de doenças”, diz Niccolò Marchionni, professor da Universidade de Florença e diretor do departamento cardiovascular do hospital Careggi.

Mas será que essa realidade também é observada no Brasil?

Dados recentes publicados pelo IBGE evidenciaram que a população brasileira manteve a tendência de envelhecimento dos últimos anos e ganhou 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), ou seja, o número de idosos anunciado na pesquisa equivale, aproximadamente, a população total do Peru!

Essa pesquisa nos mostra outra realidade: a população de idosos no Brasil, atualmente, gira em torno de 15%, sendo que a maior proporção desses idosos se concentra nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Além do aumento geral da população de idosos, o gráfico abaixo mostra um aumento expressivo da população de idosos com 80 anos e mais, principalmente entre as mulheres, reflexo do aumento da expectativa de vida, que no ano de 2017 registrou ser de 72,5 anos para homens e 79,6 anos para as mulheres, segundo o IBGE.

Porém, como estão as condições de saúde desses idosos?

Tão importante como viver mais é viver bem!

Dados recentes que compõe o Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSi) apontam que cerca de 70% dos idosos sofrem de pelo menos uma doença crônica. Os cinco diagnósticos mais frequentes, na ordem, são hipertensão, dores na coluna, artrite, depressão e diabetes.

Especificamente para a cidade de São Paulo, de 2000 a 2016, a taxa de diabetes na faixa etária de 60 a 64 anos pulou de 18% para 25%. E a de câncer quase triplicou: de 3% para 8%, segundo os dados do estudo de Saúde, bem-estar e envelhecimento (SABE) da USP.

Um indicador claro da piora do processo de envelhecer na capital é o crescimento da taxa de incapacidade nessa mesma faixa etária. Em 16 anos o índice de idosos com dificuldade de realizar atividades básicas, como tomar banho, ir ao banheiro, comer e se vestir sozinho, pulou de 10% para 16%.

Gráfico de Dificuldade de realizar tarefas básicas

Essas informações nos trazem uma reflexão importante: Estamos cuidando como deveríamos de nossos idosos? Estamos investindo em um envelhecimento ativo e saudável para o nosso futuro?

Temos muito trabalho pela frente até que possamos nos equiparar a qualidade de vida de países desenvolvidos. Investir em políticas públicas direcionadas a essa população e ações de prevenção de agravos à saúde pode ser a chave para esse processo.

Por outro lado, partir do princípio de que essas limitações em idosos são inerentes ao processo de envelhecimento é um erro comum, que acaba diminuindo a importância de medidas de prevenção e tratamento adequadas. É preciso estar em dia com o acompanhamento médico e seguir com hábitos de vida saudáveis para minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento em nossas vidas, afinal, envelhecer faz parte da vida, mas viver com incapacidade é algo que não deveria ser considerado normal.

Caroline Venturini Ferreira – Responsável Administrativa

Ms. Fisioterapeuta e Sócia-Proprietária da empresa Elo Senior

Caroline Ferreira Saladini – Responsável Técnica

Ms. Fisioterapeuta e Sócia-proprietária da empresa Elo Senior


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